sábado, 24 de novembro de 2012

Sobre voltar (ou não) ao Mercado de Trabalho


Sei que este é um assunto muito questionado na sociedade, principalmente aqui no Brasil, onde a licença maternidade foi de 4 para 6 meses (apesar da maioria das empresas não permitir que a mãe tire este tempo). A questão é que muitas mulheres tem a real necessidade de voltar a trabalhar, seja para sustentar sozinha a sua casa, seja para contribuir para a renda do seu companheiro, etc.

Depois que me vi mãe, toda aquela imagem que eu tinha antes sobre o mercado de trabalho, sobre a necessidade do dinheiro, veio por água abaixo. Eu realmente questionei a necessidade das coisas que eu tinha e que fazia, especialmente voltar a trabalhar e ser obrigada a deixar o meu filho sob os cuidados de outra pessoa.

Eu tive um filho porque eu quis. Eu quis que ele viesse ao mundo, eu me dediquei em minha gestação, eu vivi isso intensamente, desde o momento em que me descobri mãe, e aceitei todas as mudanças que vieram com essa responsabilidade. Eu decidi pela via de parto, eu decidi pela melhor maneira de criá-lo, então, penso eu, de quem é a responsabilidade de educá-lo?

Muitas pessoas tem filhos para a avó cuidar, para deixar em creche. Sei também que muitas vezes a gravidez veio por 'acidente' e não estou em momento algum criticando as mães que realmente não tem outra opção a não ser trabalhar, pelo sustento de sua família. O que pergunto, é: -Porque as pessoas tem filhos hoje? Porque elas se permitem viver uma gestação em que não estão realmente presentes? Criança não é bibelô. Ele chora, demanda atenção, carinho e dedicação...e se não for por isso, pra que temos filhos? Temos a oportunidade de aprender com eles e ensinar a eles tudo aquilo que sabemos. 

Eu fico realmente abismada com a banalidade que isso se tornou. Mães que não se importam em estar presentes, que dão dois ou três beijinhos, no começo do dia e em seu final, sem conversar, sem sentar 5/10 minutos para brincar, para conversar.


Sabe, minha família sempre teve seus problemas, mas uma coisa que eu sempre tive com meu pai, foi o diálogo. Isso se tornou uma bandeira em minha vida: E VIVA O DIÁLOGO. 
Meu pai sempre acompanhou meu crescimento, ele observava e sabia como eu estava me sentindo só de olhar em meus olhos, e isso me marcou muito. Hoje eu entendo meus sentimentos e pensamentos porque ele me ensinou a identificá-los.

Eu quero ser para o meu filho, uma referência. Talvez não seja a melhor mãe do mundo, mas quero ser a melhor mãe que sou capaz, e para isso ainda terei que aprender muito.
Eu optei por acompanhar seu crescimento e desenvolvimento, sendo mãe em tempo integral. Participando de sua demanda, procurando estar atenta a tudo o que ele aprende, e me entregar a essa nova aventura. 
Não vou dizer que é fácil optar por isso, somos MUITO criticados. Numa sociedade em que as pessoas vêem o outro como fonte de renda, fica difícil explicar que seu filho precisa de um olhar direcionado, que ele precisa desta base de educação. O afastamento da mãe por períodos longos, em seus 2 primeiros anos, é problemático.
Por enquanto, eu pretendo conciliar trabalho-filho. Arrumar maneiras de conseguir meu dinheiro, sem precisar deixá-lo longe de mim por longos períodos e nem diariamente, até porque ele mama e gostaria que continuasse assim por MUITO tempo ainda. Depois de passado esse tempo, creio que a separação ocorra mais tranquila, menos dolorosa, de forma gradual para não causar traumas e problemas futuros.
As pessoas as vezes me perguntam: -Mas você tem vontade de trabalhar fora novamente? E sim, eu tenho! Tenho vontade de me dedicar à aquilo que realmente gosto, que descobri em mim, que é essa causa materna, que é em defesa do direito da escolha da mulher. Quero doular muuuuuito ainda, cursar uma boa faculdade e poder me realizar como profissional também, mas tenho a consciência de que tudo tem seu tempo certo.


Eu tenho lido muito o Dr José Martins Filho. Médico Pediatra à 43 anos, professor emérito na USP, e mais uma bagagem imensa de coisas, ele tem me ensinado, mesmo que de longe, a olhar para o meu filho com mais atenção. Estou total de acordo com o livro que ele escreveu, que se chama 'Crianças Terceirizadas'. É assustador pensar que a maioria das mães sequer se dão conta do que estão perdendo na vida de seus filhos. Precisamos nos dedicar e refletir sobre as nossas escolhas, seja por ter um filho, seja pela nossa carreira, ou qualquer decisão que pretendemos tomar. 

Num trecho de uma entrevista, Dr José diz muito sobre esse vínculo-família:
"Se os pais passam cada vez mais tempo longe dos filhos, quem os educa? Para os canadenses Gordon Neufeld, psicólogo especializado em desenvolvimento infantil, e o médico Gabor Maté, a influência de colegas, ícones jovens e primos vem se tornando mais determinante na formação dos pequenos do que os modelos fornecidos pelos adultos. É o que os especialistas chamam de "educação por pares" - fenômeno que enfraquece a família. Segundo os autores, uma criança só procura as referências dos pais se uma forte ligação entre eles foi estabelecida. "Para uma criança se mostrar disposta a ser educada por um adulto, é preciso que ela tenha um vínculo com ele, queira manter contato e se tornar próxima", destacam os especialistas em seu livro Pais Ocupados, Filhos Distantes - Investindo no Relacionamento. Se tudo corre bem, essa proximidade emocional com o bebê se transformará em intimidade psicológica ao longo dos anos. Mas é preciso cultivá-la. - Deixe fotos e lembranças que evoquem momentos felizes de convivência estrategicamente colocadas em quarto, sala, próximas do computador. - Escreva bilhetinhos-surpresa reafirmando seu amor. Ponha-os no lanche, no meio do caderno, debaixo do travesseiro. - Coloque no berço do bebê uma peça de roupa com o seu cheiro. - Se viajar, mostre mapas e fotos de onde vai estar e ligue todo dia." 

Cada coisa e momento em nossa vida tem sua prioridade, hoje a minha prioridade é ser Mãe!

Para refletir: Pense se agora é realmente a hora de se tornar pai/mãe. Pense se está preparado para isso e se tem essa disponibilidade de se dedicar à ele. Leia, se informe, saiba da decisão que está tomando. Tenho certeza que educar filhos com amor e presença ajudará muito para que consigamos fazer do nosso mundo um lugar melhor.

;)

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto... Decidir-se por um filho é muito mais do que cumprir uma "obrigação social", concordo em todos os sentidos. Compartilhei!

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