terça-feira, 17 de abril de 2012

A favor da 'cama compartilhada'



Esse assunto é bem polêmico e cheio de preconceitos. Eu mesma nunca tinha parado pra pensar sobre isso, mas não é que me tornei praticante da cama compartilhada (dormir junto com o bebê) poucos dias depois que Gabriel nasceu? E então, a partir dai é que fui pesquisar mais sobre o assunto.

Bom, antes dele nascer compramos bercinho, tudo bem ajeitadinho pra ele ter seu próprio espaço, mas nunca me dei conta de que isso tornaria o nosso contato um tanto quanto 'distante'. Nas primeiras noites eu morria de medo de deixá-lo sozinho no carrinho, ele regurjitava e isso me deixava insegura pensando que ele podia engasgar. Então, mesmo que eu quisesse, não conseguia dormir bem com ele deitado longe de mim. Por algumas horas no meio da noite, ele permanecia deitado no carrinho ao lado da cama, (já que no bercinho era colocar e acordar). Eu levantava, amamentava (sentada na cadeira de amamentação), colocava no carrinho e voltava a dormir. Menos de 2hs depois o processo todo se repetia, isso quando eu não acabava dormindo na cadeira mesmo junto com ele. Eu percebi que me sentia muito esgotada, as minhas noites não rendiam e durante o dia eu não conseguia dormir. Sei que demora também um tempo até nos acostumarmos com a rotina do recém-nascido, mas essa de ter que levantar de madrugada pra amamentar, estava me matando, e também pela preocupação que eu ficava durante a noite toda longe dele.

Uma bela noite (não me lembro exatamente a partir de quando), eu resolvi amamentá-lo deitada. Já tinha escutado dizer que isso era bom e tal, mas não pensei que se tornaria tão automático dar de mamar praticamente dormindo e continuar a dormir abraçadinha com o pequeno! Foi a melhor decisão que tomei. A partir dai, não teve um dia que tentei mantê-lo dormindo longe de nós. Não tentei mais carrinho, não tive mais que acordar a noite. Percebi que ele dorme melhor e mais tranquilo, por mais horas seguidas. Só vi vantagens!

Há quem diga que dormir junto com bebê faz mal, que é perigoso pra ele, de sufocar, etc, etc, etc... Mas só quem dorme junto com um bebê sabe que isso é praticamente impossível, já que nós temos o instinto de proteger, e qualquer movimento do pequeno, despertamos!
Muita gente diz que isso acostuma mal o bebê. Que faz com que fique mimado, que ele precisa ter sua independência e deve começar pelo seu próprio bercinho, num quarto separado (o que hoje pra mim, não faz o menor sentido).

Também tem aqueles que falam que isso interfere na intimidade do casal, e bláblá... Mas esse é outro tabu! Casais que tem realmente sintonia conseguem se entender e se adaptar com todas as mudanças, principalmente quando os dois vêem o quanto a cama compartilhada faz bem pra família.

No nosso caso, Vinícius também é a favor. Ele já percebeu o quanto Gabriel dorme melhor, mais calmo e o quanto eu também consigo dormir melhor. Já escutei até ele dizendo que nem percebe quando nós acordamos pra que Gabriel possa mamar (e confessando aqui, eu lembro de relance que ele mamou, mas sei que nem mesmo ele acorda direito e já está mamando..haha!)

Bom, cada um tem seu jeito, suas escolhas, suas decisões, mas aqui em casa a cama compartilhada tem sido muito bem vinda, trouxe união, sinto meu pequeno bem pertinho de nós cada dia mais. Essa história de que bebê tem que ter independência é exigência de Pediatra, que desde cedo nos instrui a ficar distante dos nossos filhos.

Imagina que a primeira noite de Gabriel, ele dormiu entre nós dois, e foi maravilhoso e inesquecível. Quando viveríamos isso, dentro de um hospital?

Achei alguns trabalhos científicos onde os autores acompanharam por vinte anos as características de bebês que haviam se tornado “independentes” no conceito ocidental (não chora e dorme muito), com outros que viviam em comunidades alternativas e que tiveram um contato maior com os pais, inclusive dormindo juntos. Não se encontrou evidência social, cognitiva, emocional ou fisiológica que demonstrasse alguma vantagem em bebês que dormem sós. Por outro lado, os bebês que dividiram a cama com os pais tinham menor representação em grupos com doenças psiquiátricas, demonstravam um melhor conforto com a identidade sexual, eram adultos mais independentes, com melhor controle emocional e de estresse (Heron, 1994).

Eu sou a favor e recomendo. Seu bebê não será um ser maléfico e manipulador, fique tranquilo. Eles querem, e na minha visão precisam, de contato integral. Colo o tempo todo, carinho, olho no olho, dormir junto. Com a cama compartilhada, ele perceberá que ali tem seus pais, passando segurança pra que ele cresça uma criança mais equilibrada e feliz! Não consigo crer que uma criança possa ter problemas por ser criada na base da atenção integral. E acho mesmo que as coisas acabaram se atropelando na nossa cultura. Eles nascem cedo, são separados dos pais cedo. Vão para a escola cedo, aprendem a ler cedo. Hoje, fazer o bebê dormir em um quarto separado dos pais me parece pular uma etapa.

Mas é para sempre? Claro que não, nada é. Pouco me importa se vai levar 2 anos ou 6. Haverá um dia em que se ele se sentirá preparado para dormir só.

Vou celebrar essa separação nesse tempo. Mas enquanto ele precisa do grude, eu estou aqui!



2 comentários:

  1. Linda definição e redação! Como sempre.Tenho absoluta certeza que o Gabrielzinho vai crescer se sentindo seguro e muito feliz!! beijo pros 3.Titia Dê

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